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EXPOSIÇÃO GRATUITA

“Homem-fruta, Homem-mato”: exposição de O Sol Ferreira aborda transmasculinidade e identidade cuiabana

A mostra reúne memórias pessoais, identidade cuiabana e representatividade trans em uma narrativa artística que celebra corpo, território e diversidade cultural.

Ana Clara Xavier | MT Criativo

O Sol Ferreira - Divulgação

O multiartista, O Sol Ferreira apresenta em outubro sua nova exposição individual “Homem-fruta, Homem-mato”. A mostra é um mergulho em sua trajetória de vida, em sua identidade cultural e no olhar poético que conecta arte, corpo e território.

“Essa exposição fala sobre a minha trajetória e transição de um ponto de vista pessoal. Porém, eu tive a sorte de nascer em uma região riquíssima em belezas e não poderia deixar de referenciar Mato Grosso nas minhas obras. Não consigo!”, afirma o artista, que também é ator, poeta e acadêmico.

Transmasculinidade como potência criativa

O termo “Homem-mato” foi criado por O Sol como um neologismo para explicar de maneira poética o desenvolvimento de sua identidade transmasculina. Em 2025, ele completa sete anos de transição, processo que marcou não apenas sua vida pessoal, mas também a sua obra artística.

“Minhas obras seguem uma ordem cronológica. A intenção é compartilhar com o público todas as fases da minha transição, os sabores, as dores e as cicatrizes que marcaram cada uma”, explica.

A presença de artistas trans em espaços culturais é considerada fundamental para ampliar o debate sobre diversidade e romper com estigmas sociais. A arte, nesse contexto, funciona como um meio de dar visibilidade a vivências que muitas vezes ficam à margem. Em Mato Grosso, a exposição se torna ainda mais simbólica por unir narrativas pessoais à identidade cultural do estado, mostrando que a transmasculinidade também faz parte do tecido social e artístico local.

A escolha do espaço

Formado em Teatro pela Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), em Letras/Literatura pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e atualmente mestrando em Antropologia Social também pela UFMT, O Sol não teve dúvidas sobre onde realizar a exposição.

“Eu sabia imediatamente que a mostra aconteceria na UFMT, minha segunda casa há alguns anos. Depois, entendi que o lugar perfeito seria o MUSEAR”, conta.

O Museu de Etnologia e Arqueologia (MUSEAR) é reconhecido por valorizar e preservar a memória dos povos indígenas. Localizado dentro da UFMT, o espaço é um dos principais responsáveis por transmitir o conhecimento dos povos originários e dialogar com diferentes expressões culturais do estado. Para O Sol, um artista negro e trans, realizar sua exposição no museu significa reforçar a importância de espaços de diversidade dentro da universidade.

“Para mim, o Museu de Etnologia é um dos espaços que mais merecem a nossa atenção dentro da Universidade e, infelizmente, isso não acontece. As visitas ao museu são esparsas e quase sempre restritas a turmas da graduação. Porém, chegamos para mudar isso”, afirma.

Serviço

A exposição “Homem-fruta, Homem-mato” será aberta ao público na primeira quinzena de outubro, com lançamento oficial marcado para o dia 11 de outubro de 2025. A visitação é gratuita.

📍 Local: Museu de Etnologia e Arqueologia da UFMT (MUSEAR), Cuiabá – MT
💡 Entrada: gratuita
📅 Abertura: 10 de outubro de 2025