Origem e trajetória

A AMFMT nasceu nos anos 1990, como uma iniciativa pedagógica dentro da Escola Estadual Profª Nadir de Oliveira. As professoras Celi Minas Novas e Carmen Maria Pereira Ferreira perceberam o preconceito que havia na região do Grande Glória em relação às tradições culturais locais, muitas vezes alvo de piadas e desvalorização. Para transformar esse cenário, as educadoras integraram práticas culturais às atividades extracurriculares da escola, gerando impacto direto na autoestima dos estudantes e na percepção coletiva sobre a cultura regional. O projeto cresceu e deu origem à associação, que se consolidou como referência em cultura e inclusão social.

Oficinas e grupos artísticos

Atualmente, a associação atende mais de 350 jovens e 50 mestres da cultura popular, oferecendo oficinas em áreas como dança, música, artesanato, culinária, corte e costura. Além das formações, mantém três grupos artísticos que se apresentam em eventos diversos: Grupo Estrela Guia Juvenil, Estrela Guia Mirim e Estrela Divina. O trabalho contribui para a preservação das manifestações folclóricas e para o desenvolvimento de novos talentos.

Registro e memória cultural

Com o intuito de preservar os saberes tradicionais, Celi e Carmen coordenaram a produção de um livreto sobre o modo de fazer a viola de cocho. O material reúne relatos de mestres artesãos e funciona como um importante registro da cultura mato-grossense. Durante a produção, um dos pontos que mais chamou atenção foi o fato de muitos artesãos relatarem que seus filhos não aprenderam a tocar instrumentos tradicionais por acreditarem que “não dava retorno financeiro”. A partir desse diagnóstico, a associação passou a comercializar violas produzidas pelos mestres em sua loja física, criando uma alternativa de renda e valorizando o ofício.

Loja física e geração de renda

O espaço da AMFMT também funciona como loja colaborativa, onde são vendidos produtos regionais e a locação de figurinos de siriri para apresentações culturais. Além das violas de cocho, há peças artesanais feitas à mão, doces típicos (como o de caju e o de pequi) e trajes de festas populares. A renda gerada contribui para a sustentabilidade das atividades e para a valorização da economia criativa como meio de transformação social.

Apoio e parceria com o MT Criativo

A associação tem uma longa trajetória de participação em editais e ações da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel-MT) e do MT Criativo. Entre os destaques está a seleção no edital “Viver Cultura” (03/2022) e a participação no programa de aceleração Move_ MT, que oferece mentorias e oficinas voltadas à gestão e inovação no setor criativo. Para Celi, o apoio institucional foi decisivo:

“Com os editais e o acompanhamento do MT Criativo, nos sentimos mais seguros de que estávamos no caminho certo. Hoje conseguimos enxergar nosso trabalho como empreendimento e perceber sua importância para manter viva a cultura mato-grossense.”

Próximos passos

Entre os planos da AMFMT está ampliar o alcance de suas ações, levando a experiência da associação a outros municípios e inspirando novas iniciativas. A proposta é mostrar que é possível empreender com cultura, gerando renda e transformando vidas.

Celi também deixa um recado para quem deseja começar:

“Ouse. Use a criatividade e sinta-se seguro de que a cultura gera renda, e a nossa cultura é linda. Aqui, neste espaço, costureiros, doceiros, dançarinas e artesãos ganham força para continuar. A cultura transforma sim vidas. Quando você compra ou vende um produto regional, está movimentando a economia e valorizando quem muitas vezes esteve à margem. Empreender na cultura é manter nossa identidade viva e honrar nossos ancestrais.”

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