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VOCÊ CONHECE A “economia preta”?

O poder do protagonismo negro no desenvolvimento do Brasil

Ana Clara Xavier | MT Criativo

O que é a economia preta

A economia preta representa o conjunto de atividades econômicas desenvolvidas por pessoas negras, seja como empreendedores, trabalhadores ou consumidores. Mais do que um conceito econômico, ela é um movimento social que busca gerar renda, riqueza e autonomia para a população negra, que representa 56,7% dos brasileiros, segundo o IBGE (2022).

Essa economia surge como uma resposta histórica às desigualdades herdadas do período escravocrata, em que o acesso ao capital e às oportunidades sempre foi concentrado. Fortalecer a economia preta é, portanto, um ato de reparação social e de construção de equidade econômica no país.

Dados sobre a economia preta

De acordo com a pesquisa “Afroempreendedorismo Brasil” (2024), realizada pela RD Station, Inventivos e o Movimento Black Money, cerca de 40% dos adultos negros no país atuam como empreendedores. Esse número revela uma busca crescente por independência financeira e protagonismo econômico.

Entretanto, o mesmo estudo mostra que 59,2% dos afroempreendedores enfrentam dificuldades para tornar seus negócios rentáveis, principalmente pela falta de acesso a crédito e capacitação. O Relatório de Transparência Salarial (RAIS, 2023) também aponta que as mulheres negras recebem, em média, 50,2% do salário dos homens brancos que ocupam a mesma função. Apenas 10% das posições em grandes empresas são ocupadas por mulheres pretas ou pardas.

Mesmo assim, os avanços são notáveis. Entre 2019 e 2024, o nível de escolaridade da população negra cresceu significativamente, com destaque para as mulheres, segundo o Ministério do Trabalho (2024). Esse aumento reflete uma mudança estrutural que fortalece o empreendedorismo e o acesso a melhores oportunidades.

 

A força da economia preta no Centro-Oeste

Em Mato Grosso, o impacto da economia preta é ainda mais expressivo. Segundo o Sebrae/MT (2024), 61% dos pequenos negócios do estado são liderados por pessoas afrodescendentes. Mais da metade desses empreendimentos têm mais de seis anos de atuação, mostrando maturidade e estabilidade no mercado.

Além disso, 81% dos empreendedores negros mato-grossenses possuem ensino médio ou superior completo, e 40% já adotam práticas sustentáveis, como o uso racional de recursos e a coleta seletiva. Os setores mais fortes são comércio e serviços, com destaque para vendas, construção civil e o setor automotivo.

A formalização também é um ponto forte: 91% dos negócios de pessoas negras no estado possuem CNPJ, o que amplia o acesso a crédito e programas de fomento. Esse dado mostra que a economia preta em Mato Grosso não é apenas resistente, mas está consolidada e pronta para crescer.
(Fonte: MT Negócio, 2024.)

 

Dicas para quem quer investir na economia preta

Investir na economia preta é apostar em diversidade, inovação e sustentabilidade social. Apoiar empreendedores negros ajuda a gerar empregos, reduzir desigualdades e valorizar a cultura negra como um ativo econômico do Brasil. Confira algumas formas de contribuir:

  • Consuma de empreendedores negros
    Dê prioridade a produtos e serviços de pessoas negras. Essa escolha fortalece a circulação de renda dentro da comunidade e estimula o crescimento de pequenos negócios.

  • Apoie e divulgue iniciativas pretas
    Use suas redes sociais e contatos profissionais para dar visibilidade a projetos, feiras e marcas lideradas por pessoas negras. A divulgação é uma ferramenta poderosa de fortalecimento coletivo.

  • Invista em capacitação e formação
    Participe de programas de mentoria, cursos e projetos que promovam o desenvolvimento de competências para empreendedores negros. Segundo o Sebrae (2023), a qualificação é um dos principais caminhos para o crescimento sustentável desses negócios.

  • Pratique o consumo consciente e responsável
    Escolher de quem comprar também é um ato político. Priorize empresas com propósito social e que promovam equidade racial em suas práticas de gestão e contratação.

  • Engaje-se em movimentos e redes de afroempreendedorismo
    Participe de iniciativas como o Movimento Black Money, criado por Nina Silva, que incentiva a circulação de dinheiro entre empreendedores e consumidores negros. Essa rede impulsiona autonomia e protagonismo dentro da economia.

 

A economia preta é sinônimo de resistência, criatividade e potência. Mais do que uma tendência, ela representa um movimento de reconstrução social e econômica que busca garantir oportunidades justas e autonomia para quem sempre esteve à margem do sistema.

Valorizar, consumir e apoiar negócios negros é um ato político, social e econômico. É reconhecer que o futuro do Brasil também é preto, criativo e empreendedor.

 

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